O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. No dia 6 de maio, o órgão que assessora os sindicatos no país, divulgou os dados da cesta básica pesquisada em abril.
Entre as cidades pesquisadas, São Paulo é o local com maior custo, R$ 803,99, alta de 5,62% comparando com o mês anterior. O valor da cesta básica na Capital paulista corresponde a 71,71% do salário mínimo vigente (R$ 1.212,00). No acumulado, representa avanço de 27,09% em relação a abril de 2021.
Em Salvador, no mês de abril, a cesta básica sofreu alta de 2,76% em relação a março e custou R$ 575,84. Em relação a abril de 2021, a cesta aumentou 25,85%. No acúmulo do ano, a cesta básica aumentou 11,12% na capital baiana.
“Essas altas são preocupantes, pois cada vez mais os gastos com produtos básicos consomem a renda do trabalhador. Se somar o valor da cesta básica com a gasolina e o gás de cozinha, já toma quase que o salário mínimo inteiro”, explica Rodolfo Viana, economista do Dieese.
Inflação – No mês passado, o maior aumento registrado foi na batata, com alta de 24,15%. Na sequência aparecem: tomate (16,09%), leite integral (9,21%), óleo de soja (8,29%) e feijão carioquinha (7,43%). O único alimento que apresentou baixa no preço foi a banana, queda de 0,65%.
Já no acumulado dos 12 últimos meses, a maior alta é do tomate, com assustadores 125,26%. Batata (78,62%), café em pó (74,08%), açúcar refinado (44,26%) e óleo de soja (31,82%) completam as maiores elevações de preço. Só o arroz agulhinha teve o valor reduzido no período, com queda de 10,09%.
Mínimo – Levando em consideração que o salário mínimo deve suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 6.754,33, ou 5,57 vezes os R$ 1.212,00 vigentes.
Selic – Para Rodolfo Viana, o recente anúncio do Banco Central de aumento na taxa básica de juros encarece ainda mais o custo de vida. “A cada mês, temos visto o poder de compra diminuir numa intensidade não vista há décadas”, ressalta. O economista alerta: “O aumento da Taxa Selic costuma demorar semanas e meses pra chegar de fato na gôndola, mas como ela vem aumentando constantemente há um ano, isso encarece a cesta básica. O aumento dessa semana virá nos próximos meses”.
Cortes – Diante das altas, Rodolfo acredita que o trabalhador terá que diminuir cada vez mais o consumo de itens básicos. “Vai cortar itens como vestuário, lazer, cultura”, projeta.
Composição – A cesta básica do Dieese é composta por produtos alimentícios considerados essenciais, em quantidade suficiente pra garantir o sustento mensal de um trabalhador em idade adulta. São 13 produtos: tomate, batata, café em pó, açúcar refinado, óleo de soja, manteiga, farinha de trigo, leite integral, banana, pão francês, feijão carioquinha, carne bovina de primeira e arroz agulhinha.
Fonte: Agência Sindical